Rever, replanejar, refazer


Fim de ano e aqueles balanços de sempre, certo? Pois bem… este ano esse momento chega junto com o famigerado Mercúrio retrógrado. Corram para as montanhas! Só que não. É a melhor oportunidade para fazer isso.

Quando o planeta da comunicação começa a andar “para trás” – eu vou aqui colocar um link bacana que explica isso melhor – significa que precisamos fazer exatamente o que não pregam por aí: olhar para trás.

Vivemos alimentados pela novidade. Pelo que vem a seguir. Pelo próximo. E, seguremos as cadeiras, não é o que o tempo nos permite. Ou favorece.

Então, por que não aproveitar essa energia toda e rever o ano, voltar no que deixamos inacabado e pensar se alguns movimentos ainda valem a pena?

Bom, um dos movimentos que tomamos aqui em casa e não pretendemos retomar foi dar um fim na TV a cabo. Demos cabo no cabo! Pouco víamos TV em casa e vira e mexe, ficamos  zapeando e chiando que não tem nada de bom pra ver. Cortamos uma despesa e nos resolvemos com rádio, YouTube, Netflix e um Chrome Cast.


Uma das coisas que está ganhando revisão agora são as minhas práticas de Yoga. Faz uma semana que eu dei uma pausa. Retomarei no com Revolution Challenge, proposto pela Adriene Mischler, em seu canal Yoga with Adriene. Um must. Passa por lá!

Estou sentindo alguns “blasts from the past”, com coisas que eu sentia que eram significativas para mim e acabaram esmaecendo. De forma, que voltei a estudar Filosofia de uma forma “livre”, mas que me faz voltar a algo que eu postei no Facebook anos atrás:

 

Nesta mesma pegada, tive que REfazer parte do meu guarda-roupa… Não tem nada mais irritante do que calça caindo – SÓ QUE NÃO! 

Voltei também com as minhas frescuras com as minhas unhas, porque mereço!

Estou ouvindo todos os podcasts dos Minimalists novamente. Voltar a me integrar nisso. Juntamente com alguns vídeos e reflexões budistas. Fez muita diferença na minha vida e merece uma visita e uma integração mais presente.

E um movimento novo, que na verdade é um de 20 anos atrás, é fazer uma espécie de diário-agenda… num sistema chamado Bullet Journal. Já existe uma comunidade razoável no Brasil de pessoas fazendo seus planejamentos neste sistema e a grande coisa é que pode ser tanto prático, pelo jeito que se planeja nele, quanto terapêutico, pelas tantas coisas coisas que o sistema oferece, como uma forma de fazer reflexões ou colocar notas, desenhos e coleções, tudo no mesmo caderno.


Uma comunidade bacana no Facebook, em português, é Bullet Journal Brasil – Bullet Lovers. Eu gosto das ideias e das trocas… eu evito as questões mais voltadas para a questão de coaching etc e tal… Também me incomoda que as pessoas colocam inspirações sem dar o crédito de onde elas vem. Quem acompanha #bujo ou #bulletjournal no Instagram, sabe de quem são e acho chato não creditar… Enfim, vale a pena conhecer, se você não fala inglês.

Um site que estou amando sobre o assunto é do Kara Benz, o Boho Berry, cheio de ideias, inspirações e tutoriais.

E, claro, o vídeo do autor do sistema original, Ryder Caroll.

Por fim, queridos… o ano não precisa terminar. Na verdade, temos 3 a 4 períodos como esse, de Mercúrio retrógrado por ano. Mas achei esse bem específico pelo timing.

Como foi o seu ano? Sem reclamações ou mimimi. Foi duro para todo mundo… Faça uma avaliação honesta. Tenho certeza que houveram recompensas, ganhos, vitórias, conquistas. Não  se pode deixar que os pesos pesem para sempre. Como as vitórias não brilharão pelo mesmo tempo. Mas, são passos nesse caminho que nem sabemos onde vai dar. Seja presente com o seu presente. Aliás, quantos presentes você já não ganhou?

Um beijo e até 2017!

Pietra

Princesas… ou será?

Esta semana fui convidada a participar de um podcast – quando sair, posto por aqui! – falando sobre a Escola de Princesas que começou em Minas Gerais e agora vem chegando a São Paulo. 

A proposta é de um curso livre para meninas, de 4 a 15 anos, ensinando coisas com etiqueta, bons modos, economia doméstica, algumas artes manuais e, na adolescência, relacionamentos e sexualidade. 

Honestamente, parece uma prep-school dos anos 50. Mas enfim… Descobri que muitas pessoas estão adorando a ideia e colocando seu dinheiro nisso. E o tempo de suas filhas, claro. Claramente, estamos falando de uma atividade extra-curricular, como inglês, natação etc. o ponto é que, as pessoas engajadas nisso colocam que trata-se de uma proposta interessante porque nossas meninas estão expostas a muita baixaria e devem mesmo aprender a se preservarem e relacionarem-se melhor. Ainda, houve quem apontasse que seria um movimento ideal para que suas filhas casassem bem e tivessem a admiração de outras pessoas pelas suas atitudes e prendas. 

Muito bem. Eu não vou dizer que isso tudo não é legítimo, porque acredito que pessoas preocupam-se com a criação de seus filhos – suas filhas, no caso. M A S, será que esta nao é mais uma forma de terceirizar a educação de nossas crianças? 

Por que não tem escola de príncipes para ensinar coisas parecidas aos meninos? 

Por que não temos um espaço para mostrar que esse papo de princesa pode ser ótimo no lúdico ou literário mas que raramente funciona na vida real?

Evidentemente que na vida real tem economia doméstica, cozinhar, lavar, passar, arrumar a geladeira. Porém esse é um papel de ser humano na sociedade – urbana – que não se relega a gênero. 

Tenho preocupações sinceras com esse tipo de iniciativa, porque é claro que sabemos que isso vende e tem apelo. Ainda mais sabendo quem foi a idealizadora da coisa toda – a filha do baú – e ainda, sabendo qual orientação religiosa está por trás disso. 

Eu não acho que nossas crianças precisam de um rótulo de princesas ou de heróis, porque eles vivem isso diariamente em suas brincadeiras e fantasias. Eu acho que as pessoas que estão investindo grana nisso poderiam pensar como poderiam investir tempo em, de fato, estar com seus filhos e ensinar-lhes todas essas coisas que julgam importantes ao invés de largar na mão de pessoas outras. Esta é a tal Educação que vem de casa. E que se aplica em qualquer lugar. Inclusive na escola. 

Por fim, não se pode esquecer que, na vida, encontramos com todo tipo de coisa e que é o caráter que temos e as virtudes que construímos que nos ajudam a lidar com isso. Não a aulinha de etiqueta da filha do dono do baú. 

Mulheres podem ser princesas, guerreiras, heroínas. Tudo junto misturado, porque ninguém é uma coisa só. 

Pietra

Não importa o quê… você está fazendo errado!

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Vá em frente. Julgue. Apenas lembre-se de ser perfeita pelo resto da sua vida. 

Numa conversa não tão recente com C., falávamos de como tudo que nos propomos a fazer está errado. Não importa o que seja. Há sempre um jeito melhor, mais adequado ou mais (insira aqui um termo politicamente correto) de se fazer as coisas.

Claro que isso tudo pode ter a ver com a exposição que a internet nos garante e que nós utilizamos, muitas vezes, sem pensar – viu, já está postando errado! E também tem relação direta com a forma com a qual pesquisamos as coisas ou que damos “ouvidos” ao que é postado por outros. Feliz ou infelizmente, a internet, o Google, se tornaram as enciclopédias e bibliotecas das pessoas. Por mais que digamos que precisamos consultar especialistas etc e tal, sempre damos uma passadinha no search para uma opinião a mais.

Uma parte da conversa estava focada em alimentação. Se você procura fazer uma alimentação mais limpa e saudável, imediatamente você pensa em verduras, legumes e frutas. Carnes magras até. Super alimentos. Mas, espera aí… Se você compra seus alimentos em mercados ou em feiras, já está fazendo errado porque eles têm agrotóxicos que são tão prejudiciais à saúde quanto aquele bolinho de carne com ovo (frito) que você comeu no café da manhã. Bom, então vamos buscar os orgânicos. Mas, infelizmente, a oferta deles já não é tão grande ou tão acessível. Você não tem uma horta orgânica na sua casa? Viu, como está fazendo errado?

Se entrarmos no tocante às carnes, aí o bicho pega – literalmente. Embora acredite na legitimidade do movimento vegano e o que eles têm para oferecer e nos informar. Acredito meeeeesmo em tudo que se diz sobre o consumo de carne não ser sustentável e cruel com os animais. Ainda, acho que isso é uma coisa que varia de contexto, afinal de contas, como lidar com isso se você faz parte de uma comunidade que se beneficia do uso da carne e de seus animais para alimentação do grupo? Será que eles não fazem isso ser sustentável dentro de sua situação e comunidade? Mas, estamos em um grande centro urbano, então, comemos carne e estamos fazendo isso errado também.

Ainda, no quesito alimentação, e na boa vontade de refazer sua dieta e seus hábitos alimentares, você se depara com o piquenique da firma. Come um doce de coco aqui, um pão de queijo ali, um bolo de chocolate. Pronto, você já “jacou”. E a tua lista de exercícios? Como assim, não tem academia? Não tem pesos? Não tem whey? Você confia mesmo em um canal do YouTube para te orientar? Vai se machucar, vai dar em nada. Inclusive eu vi num vídeo que o jeito que você está fazendo, está todo errado.

Ah, além disso, vale dizer:

  • Está usando um shampoo com petrolatos? Está errado.
  • Está usando calça feita em Bangladesh? Está errado.
  • Então vamos nos desfazer de nossos guarda-roupas fast fashion e comprar tudo de marcas sustentáveis. Tá louca? E o que se vai fazer com esse refugo que você chamava de roupa até ontem? Está tudo errado!
  • Não ajudou na campanha Y? Sem coração! Está errado.
  • Não leu para uma criança hoje? Está errado!
  • Não está usando numeração entre 36 e 40?????? Nem sei por onde começar a dizer o quão errado é isso.

Nosso tempo se tornou o tempo do escândalo. Por tudo se faz um. Por tudo se escandaliza. Sempre há e haverá uma opinião ou estudo ou pesquisa ou fazer diferente do nosso… SEMPRE. O que não significa que não é possível levar as nossas vidas de uma forma minimamente adequada. Aliás, venho pensando sobre o que faz com que levemos a vida da forma com a qual a fazemos. Seja de que forma for. São os valores nos quais acreditamos que nos moldam a ser como somos neste momento. O que não quer dizer que:

  • não iremos mudar de ideia amanhã.
  • não iremos encontrar uma outra forma de ver as coisas e melhorar o que estamos fazemos.
  • não deixaremos de acreditar que no momento, estamos fazendo o melhor por nós mesmos.

Num momento no qual a estabilidade e o patrimônio são a pauta da vida, complicado é sair da caixa e buscar outras formas de pensar, viver e encarar a realidade – esta construída pelas lentes que estão frente aos olhos: conhecimento, percepções, sentimentos.

No fundo, talvez o que pegue nessa coisa toda de “você está fazendo X errado” seja tanto a importância que se dá às lentes alheias. Nunca iremos conseguir enxergar o mundo exatamente como qualquer outro ser. Segundo, a nossa vontade ou capacidade de compreender o quanto cada uma das coisas que nos cercam são passageiras, embora, por vezes, pareça uma eternidade para que elas mudem. Aliás, mudança não quer dizer que seja necessariamente para o nosso gosto.

Tá vendo? Até para entender a realidade, tão subjetiva, você está fazendo errado!

Pietra

Novidades no caminho


E por que não, não é verdade? Aliás, coisas aparecem e somem o tempo todo. Foi nesse alinhamento que eu tenho vivido as coisas por aqui. O que gerou uma porção de mudanças – e quando não? – e de novas perspectivas. Este post é para dar uma organizada na minha cabeça, ativar o blog – coitado, deixado de lado – e contar umas coisas que venho aprendendo e praticando. Ah! Textão alert!!!

Enfim… O que há de novo na terra Abrantes? 

1. Curar a vida. 

Não exatamente numa pegada de “sarar”, mas de fazer uma curadoria mesmo. Quantas tantas milhões de coisas a gente vai deixando acumular na pia da vida e quando vemos, temos uma zona mal-cheirosa para ajeitar? Pois bem. Ultimamente quero crer que a estada nessa terra de minha Gaia é como uma galeria e vale a pena estar ali o que realmente vale a pena. Assim, menos mimimi e mais visitas e passeios. Conversas que não precisam ficar registradas nos meios digitais, mas sim no coração de quem participou delas. Nessas, teve passeio em Santos, SP, e pés na água do mar. Uma investigação pelo centro de São Paulo e um almocinho caro, porém regado de boas conversas com amigos. Estar com nossos pais e se alimentar da experiência deles. E o resto dos itens abaixo. De fato, colocar na vida o que faz sentido é muito libertador!

2. Yoga e meditação

A impressão que eu tenho é que as coisas boas da vida vem em correntes, afinal de contas, coisa pouca é bobagem 😬. De forma que, preciso contar que a academia que eu estava treinando fechou. Uma pena, na verdade, porque ela era bem adequada pra quem tem hérnia de disco e precisa manter as costas em ordem. Criou-se um fuzuê lá e todo mundo saiu correndo para encontrar uma nova. Deixei quieto e continuei a caminhar e encontrei um canal maravilhoso no YouTube para praticar yoga. Honestamente, achei alguns estúdios aqui no bairro, mas achei os preços proibitivos. Com Yoga with Adrienne consigo praticar todos os dias, a moça é um amor e ainda tem o plus adicional a mais de ser inglês – junta a fome com a vontade de comer. Além disso, me sinto mais forte, fisicamente, e percebo que yoga é mindfulness do corpo. Ou seja, treino para o corpo saber o que está fazendo e não simplesmente exercitar-se sem pensar. 

A meditação continua bem e me ajudando a não agir diretamente sobre pensamentos e sentimentos. Eles vão e vem. Se vc os percebe, consegue notar que são impessoais. Quem se identifica com eles e sofre somos nós. Então, vale a pena dar aquela ponderada. Raiva, frustração continuam aí, fazendo oq elas têm de fazer. Fica a nosso cargo identificar-se e reagir ou deixar passar. Confesso que tem horas que é bem difícil. Mas…

3. Exercícios, alimentação e 13kgs a menos. 

Desde janeiro até agora, mandei 13kg pra lata do lixo. Estou sim mais leve e mais fluida. Mas também perdi roupas pra caramba. No entanto, estar ativa pede mais atividade e o corpo não estagna. Claro que de vez em quando bate aquele pavor de engordar tudo de novo. Aí, a gente volta pra mindfulness e pra impermanência: tudo que tem potencial para surgir, têm pra ir embora. Calma e viver o momento com a graça e leveza que o corpo tem e que merece ser celebrado. 

Quanto à alimentação, eu já acreditava em comida limpa. Ou seja, menos processados e coisas afins. Com uns ajustes simples, estou buscando a comida como combustível e não entretenimento. Em linhas gerais, evito farinha branca, açúcar e cereais refinados. Dou preferência à integrais, naturais, crus e orgânicos. É uma questão de prestar atenção. Sem loucuras dietéticas. 

E não larguei o café. Aliás, mt bom tomar um café sem açúcar e saber oq vc está, de fato, tomando. 

4. Respiração profunda pra não ter troços. 

Evidentemente, a vida não é um mar de rosas e, por vezes, aprecem uns trecos para dar aquela testada em nossas intenções. (Insira aqui algo que irrita, chateia ou desafie) brota da eternidade e toca respirar fundo. Na verdade, a impressão que eu tenho é que isso tem a ver com as nossas expectativas sobre seja lá oq for. Então, crie unicórnios e não expectativas. As coisas são como são. Fica a nosso respeito como agir sobre isso. Respirar fundo, aceitar e deixar passar é o melhor a se fazer. Obviamente, existem coisas sobre as quais precisamos agir. O duro é quando vc expõe o que precisa e é tomada por agressiva. Sem problemas. O tempo é soberano. A lei também. 

5. O futuro ainda não chegou… Mas até lá. 

Na mesma pegada de criar unicórnios, não adianta fazer planos mirabolantes pro futuro. Ultimamente quero ser a melhor eu. Pra mim. Pros outros, talvez eu tenha sido impertinente. Desassossego, baby. 

6. Nenhum livro de literatura. Que vergonha!

Estou com uma edição linda de O vermelho e o negro, do Stendall. Foi entregue pela TAG Livros. Está aqui sentadinho na minha sala. Até o fim do livro de mindfulness que estou lendo. 

7. Pokemon Go – porque um pouco de futilidade não faz mal a ninguém. 

Divertido. Por enquanto é isso. Uma análise mais aprofundada, no vídeo do Canal Vudú. 

8. Minimalismo – comece de novo

Falhas graves nesse quesito. Comprei roupas. Comprei mochila. Parte tem a ver com o emagrecimento. Parte tem a ver com sem-vergonhice. Ouvi uma coisa maravilhosa que há de ajudar a começar de novo: seja agradecida por aquilo que vc tem. Agradeça ao que vc tem pelo que fazem por você. Ajuda a esvanecer aquela loucura por mais, mais, mais. 

9. Mindfulness. Um livro imenso tomando a vida

Ainda a 50% do livro, mas aprendendo loucamente. Sobre a beleza do budismo, da meditação e da atenção. Ajuda a distrair menos. A saber quando um sentimento ou pensamento aparece e como lidar com isso. 

“(…) sinta a simplicidade de cada movimento, momento após momento: quando estiver andando, apenas ande. Isso pode ser levado a qualquer atividade. Quando estiver em pé, esteja em pé. Quando estiver vendo algo, somente veja”.

— Joseph Goldstein, Mindfulness: A practical guide to awakening 

10. Uma tentativa sincera de ser Youtuber. Quero dizer, não bem eu. O B. Mas é divertido demais! 

Desde que o B. começou o Canal Vudú, no YouTube, fiz algumas participações especiais. Seguem os links!

Bom… Acho que era isso (tudo) que eu tinha pra contar e/ou refletir. Eu sei que é um post da bla bla bla com pouca informação prática. Mas ficam as notinhas de formação de vida. Que aliás, muda o tempo todo. Impermanência: a gente vê por aqui! 

Pietra

Mindfulness, muito prazer

IMG_0355A vida minimalista tem vários efeitos. Uma delas é que, com tempo para cultivar o que é importante na vida, ela faz com essa atenção que temos para as coisas que temos seja muito maior. Você se torna mais crítica em relação ao mundo ao seu redor: isso vale a pena? Vou por isso na minha vida? Tenho como lidar com esse compromisso? Por que vou gastar meu dinheiro aqui? Estou comendo de forma a nutrir o meu corpo? E longas listas de perguntas. Ou seja, não é uma coisa fácil, mas é uma coisa simples: levar o dia tomando decisões que realmente importam.

E com isso, encontrei a mindful meditation e o mindfulness. E o que isso tudo significa?

Mindful Meditation é um tipo de meditação que se faz, poucos minutos por dia, mas que ajuda a sua mente a focar-se no que é necessário – quando necessário. Fazemos um pequeno treino da mente para que ela esteja focada quando necessário e que vague quando possível. Ainda, é uma forma de nos colocarmos presentes no agora, com atenção no que está acontecendo e não fazendo mil cálculos do que pode ou não ser da vida daqui há 30 minutos ou 30 anos. E estar presente, ajuda em uma outra coisa muito importante: single task ou “fazer uma coisa por vez”. Infelizmente, acreditamos que seja vital sermos capazes de fazer mil coisas ao mesmo tempo e isso só estressa. Estar presente e fazer uma coisa por vez, bem feita, com atenção, gera resultados muito melhores.

Estar presente é dar sua atenção completa ao que está acontecendo sem deixar a mente sair passeando por aí. 

Mindfulness é uma atitude. Uma de realmente prestar atenção e ser cuidadosa com o entorno. É o que, em Educação, chamamos de ser um cidadão crítico e reflexivo. Trata-se da competência de, além de estar presente, observar a realidade para tomar uma atitude informada, coerente e ética sobre ela. Assim, quando exercitamos mindfulness ficamos menos propensas a cair em imediatismos ou responder a algo por impulso, hábito ou conveniência.

É um trabalho tremendo. Pode ser bem cansativo no começo. No entanto, com o tempo, nossa atenção passa a recair sobre o que realmente precisa dela, deixando de lado as urgências que já sabemos não serem tão urgentes assim.

Juntando isso tudo com o minimalismo, as coisas, os objetos precisam de muito menos atenção do que as nossas relações, nossa missão, nosso trabalho. E mesmo nessas áreas, nos tornamos capazes de fazer escolhas melhores e mais conscientes.

Assim, quando um pensamento não agradável chegar a sua mente, tente olhar para ele como alguém que observa o trânsito. Pode parecer caótico, mas, se nos deixarmos envolver, o nível de estresse sobe e a mente fica “apertada”. Observando como uma pessoa de fora, sem julgamentos, mas buscando uma solução para o pensamento ou sentimento, somos capazes de tomar atitudes melhores que beneficiam não somente a nós, mas melhoram ainda a comunidade na qual estamos inseridos.

Brevemente, escreverei um pouco mais sobre mindfulness em diversos momentos da vida… mesmo aqueles que apresentam perrengues.

Pietra

Novos ventos

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Ok. Estamos em crise. E não é crise de idade… é crise de tempo, grana, stress, trabalho. Aliás, não tem uma pessoa que você conversa que não tem uma história para contar de como a grana tá curta, a conta está no vermelho, o trabalho paga pouco ou é mega estressante.

Mas, em tempos de crise, momentos de oportunidade, certo? E acredito que ultimamente recebi mais uma chance excelente na vida. Não como uma última chance, afinal de contas, nada toca dessa forma… Ainda assim, por que não pensar que reformas são importantes em nossas vidas?

Desta forma e sob uma quantidade de tensão que me estourou, resolvi buscar formas de resolver as coisas. Claro que não existem fórmulas mágicas ou caminhos fáceis. Quero dizer, existem sim. Mas, não necessariamente são os melhores ou mais adequados a longo prazo.

Muito bem. Tomando algumas atitudes, lendo alguns ensaios e trocando algumas ideias, me interessei por algo que, tinha minha curiosidade. Agora, ganhou a minha atenção. Trata-se do minimalismo. O estilo de vida.

A ideia é ter na sua vida o que realmente agrega valor a ela. O que, de fato, tem um significado. O que é útil. O que é importante.

Sem dúvida, isso começa com ter coisas. Quantas coisas repetidas temos em casa? Quantas, acabamos comprando por impulso? Aliás, quantas coisas vazias fazemos, compramos ou experienciamos por impulso, sem a menor reflexão?

Convidei, então, pessoas queridas que também se interessam por um estilo de vida mais significativo e menos pesado – bem menos – para colaborar com alguns textos e ideias.

Algumas coisas já estão acontecendo. Funciona muito como uma purificação. E para tanto, saem as toxinas e é preciso um tempo de recuperação. Mas… o que acontece sem um primeiro passo?

Assim, brevemente, seguirão alguns textos, reflexões e ideias sobre como eu – e conhecidos – têm feito para fazer a vida pesar menos… e ter mais valor e significado.

Pietra

O tal caminho do meio

  
Quem me conhece um pouco, sabe que eu tenho uma religiosidade um tanto alternativa. Quem não, sabe agora. E, felizmente, deixar sua espiritualidade voar por nuvens incomuns, permite que as asas toquem alguns caminhos com ditos interessantes. No Budismo, encontro a ideia de andar pelo caminho do meio. Que é, em outras palavras, o que está escrito em Delfos: Nada em excesso. 

Houve tempos nos quais isso foi uma máxima na minha vida. Depois de outros, nem tanto. Porém, sem querer -querendo- isso pipocou na minha cabeça de novo. E por quê não?

Muito bem. Faz um mês que é exatamente essa pequena frase que tem guiado meus passos, pensamentos e fazeres: nada em excesso

Claro que em momentos de suma humanidade, ela acaba se esvanecendo. Mas, não sumindo. E é preciso dizer que ando mais feliz seguindo por esse riacho divisor de terras. 

Viver com esse pano de fundo talvez me tranquilize um pouco. Faz uma reação virar uma ação ou um pensamento. Ou a passividade, no auge da emoção, tornar-se um movimento. 

Sinto minha cabeça mais leve. Para o que eu preciso fazer e o que pode ser feito daqui a pouco, para encerrar a pilha. 

Mas, talvez o mais importante do caminho do meio, ou seja, a falta de excessos, seja do que seja, permite uma reflexão mais apurada da realidade e dos sentimentos. 

Nada em excesso deixa mais livre para uma atitude mais virtuosa. E é claro que os desfalques acontecem. Seja de emoção ou de ação. No entanto, libera espaço para uma avaliação honesta do tempo e quiçá, uma reprogramação de curso. 

Talvez nada em excesso seja meu caminho natural de fluir. Água derrama sobre a terra, eu sei. Mas tende a voltar para seu leito. 

O que eu sei hoje é que olhar para o espelho e me reconhecer fica menos espinhoso. 

E vc, amigo leitor, tem uma máxima que te guia… Conta. Isso ajuda inspirar outros a viver mais levemente. 

Pietra

Viver as nossas fantasias

Quando eu era pequena, talvez pela dose de desenhos que eram oferecidos, séries e coisas assim – estávamos saindo dos anos 70 – eu era louca por super-heróis. Inclusive, aos 3 anos, minha mãe fez a minha festa de Liga da Justiça. Era para ser só da Mulher Maravilha, mas o que poderíamos achar no Palácio dos Enfeites naquele tempo? Bem… o fato é que eu me recordo de estar no tanque de areia da pré-escola girando, achando que ia me tornar a Mulher Maravilha. Outras vezes, eu escalava os brinquedos, querendo ser a Mulher Aranha (Jessica Drew) e achava bem bacana ver a Poderosa Isis na TV. Minha mãe chegou a fazer tiaras de Mulher Maravilha e havia em casa uma lancheira da mesma personagem. E tudo parecia muito legal.

Porém, eu tinha um guilty pleasure. Meu sonho de consumo era ser a Mulher Gato. Eu sempre tive gatos… eu amo gatos… No entanto, eu me sentia vendida ao maniqueísmo infantil que prega que o que é bom é bom e o que é mau é mau e ponto final. Você, crescendo, claramente quer ser do bem e assim, aceita e virtuosa. Claro que eu imagino que outras pessoas podem ter tido infâncias ou sentimentos diferentes. Poucas vezes, as crianças se deixam levar por essa vontade de explorar o “outro lado” e tornam-se vilões das histórias que tanto gostam. Mesmo porque, se formos olhar com cuidado, o que é colocado como “mau” nas histórias para crianças, realmente é mau sem um motivo… simplesmente pelo “bom” ter seu contraponto e quiçá um razão de ser.

Muito bem. O tempo passa, ainda bem. E as coisas na vida e nas histórias acabam ganhando nuances e motivos. Depois de muitos anos vim a entender que a Mulher Gato, por exemplo, que eu amava tanto quando criança, não necessariamente era uma pessoa ruim. Ou má. Ou até vilã.

A maturidade é uma coisa muito bacana porque ela permite que percebamos a complexidade das coisas e das pessoas e encontremos nelas as mesmas que estão dentro de nós. Assim, é muito comum hoje, ver as pessoas de mais de trinta com suas fantasias, em festas ou encontros, de personagens que, quando crianças, eram impensáveis.

Bem… ontem foi a minha vez. Depois de 36 anos procurando uma brecha, eu consegui ser a Selina Kyle. Ajeitei de uma forma bem “Faça você mesma” a fantasia e fui a festa de uma amiga. E preciso dizer: que delícia foi aquilo.

  
Entrar na pele de algo que te representa, talvez seja uma das brincadeiras que ainda valem aos adultos, uma vez que não mais brincamos de bonecas… Claro que temos nossos jogos, nossos encontros virtuais… mesmo nossas representações entre 4 paredes. Talvez seja uma necessidade humana. Utilizar-se dessas representações. Sem dúvida, elas são esteriótipos e como já mencionei aqui uma vez, os esteriótipos não são errados, eles são incompletos. 

Mas, ainda precisamos dessas figuras de cores saturadas para podermos entender um pouco melhor o que acontece conosco e como podemos lidar melhor com o mundo que nos cerca. Brincar, representar é como ler… é uma chance ótima de fazer uma catarse. De viver ou sentir algo que não nos é posto no dia a dia.

Não que eu queira sair por aí arrombando cofres ou levando peças de museu para casa – ou me apaixonando por um morcego. No entanto, ser uma pessoa que se veste e se move como um gato talvez seja a minha chance de mudar de forma e ser esses bichos que eu amo tanto e que representam beleza para mim.

Pode ser sim, uma questão entender-se e ser internamente aceita. Pode ser mais um pedaço daquelas buscas pessoais de autoafirmação e consciência. Se for, pelo menos que seja lúdica.

Miau!

Pietra

Cabeça de gente sempre foi igual

Temos uma ideia de que, com a internet, os smartphones e as redes sociais, as coisas estranhas da humanidade vem proliferando-se. Crimes, situações absurdas e todo tipo de underground humano aparecem e chocam, claro. Mas podem também tornar-se brincadeiras ou banalidades.  

Acontece, porém, que as estranhezas humanas são tão antigas quanto a própria humanidade. Talvez haja por aí um sentimento romântico de que as pessoas do passado fossem mais ingênuas ou inocentes do que somos hoje. Porém, um passeio curto pela História nos mostra que as coisas nunca foram assim. As pessoas são capazes de grandes atos de generosidade e de escabrosidades imensas.

Lendo “Crime e Castigo” do Dostoyevsky isso fica premente. A obra foi escrita há mais de 100 anos e mostra como um crime pode ser “banalizado” na cabeça de quem o comete. O que nos faz pensar: como é que o sujeito consegue dormir depois? Bem, se ele não liga para o que fez, dorme muito bem, obrigada.

Ao mesmo tempo, fica claro também o quanto a cabeça de alguém pode rodar e enlouquecer com a culpa. Talvez seja realmente verdade que as pessoas não são ilhas. Que elas precisam de acolhimento e de ouvidos. Penso que essa é uma das premissas humanas: estar em grupo e, com isso, compartilhar as coisas.

O enredo dessa obra – clássica – é dado e conhecido. Todo mundo sabe o que acontece. No entanto, são as sutilezas dele que nos pegam e fazem com que essa história continue a dialogar conosco. Protagonista comete um crime. Fica paranóico com a culpa. Quer se redimir. Acaba revelando o que fez para quem confia. É preso e consegue um redenção com a ajuda de uma mulher – uma menina, convenhamos – de olhos azuis.

Embora nada disso possa ser novidade, o entendimento – e a crítica – niilista que o autor faz nos mostra como corremos um sério risco de subestimar outras pessoas ou super estimar a nós mesmos porque achamos que sabemos mais que outros. Ora, cara pálida, há sim coisas que sabemos mais… MAS, há muitas coisas que sabemos de menos.

Assim, isso me coloca para refletir sobre o quanto achamos que somos especiais por isso ou por aquilo. O mundo é tão grande e tão cheio de gente, com tantos tipos de saberes… Pode ser mesmo que depois que as nossas vidas aqui acabem, não haja mais nada mesmo e que não estejamos a disposição de uma justiça divina etc e tal. PORÉM, o que nos permite de fato que influenciemos a vida dos outros, de forma negativa, simplesmente por que achamos que temos um “quê” a mais que os outros não tem?

O que nós não temos? Não vemos? Não percebemos? Acredito que é importante que nos coloquemos como indivíduos e como tais, capazes de modificar o mundo que nos cerca. Mas, se ainda estamos naquela premissa de que somos todos seres de comunidade, por que não perceber o “especial” em cada um que nos cerca?

Sei que existem as afinidades. Os desgostos. E um jeito de lidar com eles talvez seja apenas os colocando de lado ou enfrentando-os quando necessário.

A culpa, imagino, seja a mãe de todas as paranoias. Afinal, quem não deve, não teme. Porém quem não deve algo para alguém? Somos capazes de falhas e a tentativa de acertar essas arestas é que realmente dão aquela paz de poder dormir a noite e não estar constantemente doente como o protagonista de “Crime e Castigo”. 

Por fim, a culpa é uma gastadora de energia. Pois, ela só é debelada quando tomamos determinados problemas nas mãos e olhamos para elas. A culpa é uma das sombras da alma e ela vai te lembrar que existe toda vez que sair ao sol.

Então, ficam aqui dois convites:

1 – leia “Crime e Castigo”. É longo, eu sei. Mas vale a pena para conhecer a cabeça de outras pessoas que podem ser iguais ou muito diferentes da gente. Aliás, histórias bem contadas fazem isso o tempo todo.

2 – Que tal tentar agir hoje sobre algo que pode incomodar e se tornar objeto de chantagem – emocional ou física – até de nós mesmos com o espelho?

Boas leituras,

Pietra

 

O buraco do Coelho Branco

Hoje de manhã, B. e eu conversávamos sobre os tais programas populares na televisão e como determinadas emissoras insistem num mesmo formato por anos e anos, mesmo sabendo que a coisa toda está desgastada.  Pensamos também como os tais “reality shows” provavelmente são absurdamente roteirizados para fazer servir a interesses do tipo: tem de ter mais barraco, mais briga, mais intriga… e que isso vende.

Vende mesmo?

Evidentemente que eu sei que cada ser humano tem a sua sombrinha, bem lá no fundo, que luta pelo que não é virtuoso e que pode ser refletida em programas policiais de gosto duvidoso ou uma curiosidade intrínseca que nos leva a ver programas onde pessoas têm de conviver e acaba em… barraco. Agora, será que o grosso de tudo isso também não acontece porque, em nosso mundo, acabam se tornando uma única opção? E não que haja apenas um ou dois programas ruins… mas, é tudo mais do mesmo.

O que eu venho pensando é em quando do que está disponível para nós é apenas disfarçado de escolha, opinião ou gosto. O quanto somos verdadeiramente encarcerados em escolhas que já foram feitas por nós e que apenas nos disponibilizam a cartela de cores e não o verdadeiro estoque.

O quanto somos livres de verdade para expressar uma opinião ou uma opção… e quanto mais fora da caixa que nos é oferecida, mais subversiva ela se torna. E onde isso tudo bate nos limites da convivência humana?

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Parece que é um buraco mais fundo que o do Coelho Branco da Alice.

Sem dúvida, a alienação de um povo vale muito para seus governantes. Para quem deseja poder. E aí me vem outra pergunta: poder sobre o quê, cara pálida? Se caixão não tem gaveta????

O nosso mundo pode, certamente, nos oferecer uma vida confortável. Pode suprir alguns de nossos sonhos, nossas vontades… Mas o que é preciso para chegar lá? O que são cada uma dessas coisas? Nossas vontades, nossos sonhos, nossas vidas confortáveis?

O que desejamos, sinceramente, enquanto humanidade?

Talvez, o verdadeiro conforto esteja em sorrir e ter paz no meio de tantos pontos de interrogação. Entre tantas coisas que são forçadas garganta abaixo e nem notamos. Ou que questionamos.

Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os Deuses. Quem sabe esse seja o verdadeiro conforto.

Pietra