Ok. Pode me chamar de monotemática. Não vai ser a primeira vez. Já se foram 30 e tantos anos da minha vida e eu consigo lidar com isso. Pode ser paixão por um assunto. Pode ser foco. Pode ser chatice minha. Estou em paz com qualquer uma das alternativas.
Se está em paz por que escrever sobre isso? Porque é bom para organizar os pensamentos e fazer as coisas fazerem sentido. =)
No último escrito desse blog, falei um pouco sobre o desatulhamento do guarda-roupa. Ótimo! Mas… O que mais anda atulhado na vida. Foi quando eu olhei o meu baú. Cheeeeeeio de baralhos de Tarot que eu não uso. São parte de uma coleção, verdade. Aliás, uma paixão que eu cultivei por tempos. E não que eu não ame tarot. Amo ler, atender, ensinar. Mas, a Roda da Fortuna faz suas voltas e o Julgamento nos coloca na frente do espelho. Quem é vc agora, cara-pálida? Afinal de contas, se as nossas paixões fossem as mesmas pelo tempo que passamos por esse imenso corpo de Gaia, talvez o baú estivesse cheio de revistas sobre New Kids on the Block ou papéis de carta.
Assim, fiz um exercício. Deixar muitos dos meus baralhos de tarot irem para novas mãos. A questão não é necessariamente fazer dinheiro – embora eu saiba que eles valem muito – mas, abrir mão da segurança deles estarem lá. O pior: estarem lá sem uso.
Infelizmente, vivemos num mundo onde ter vale mais que ser. Clichê? Sim. Ainda assim, verdade. Agora, se realmente acredito que é importante repassar o valor das coisas e dividir com quem encontra valor no que está estocado em casa, por quê não?
A pergunta é: quantas das coisas que estão empoeirando em seu espaço pessoal vc tem coragem de abrir mão? E entenda: eu não estou dizendo: dê seu carro, seu telefone, seu computador embora se eles, de fato, agregam valor e têm sentido em sua vida. Estou propondo que se abra mão de um suposto patrimônio que não tem significado intrínseco. Ou seja: eu amo tarot. Eu não preciso de 120 decks para continuar amando e me dedicando ao oráculo. Outras 120 mãos podem achar valor e não deixar esses baralhos tomando pó. Aliás, substitua “decks” ou “Tarot” por qualquer outra palavra.
Outra coisa: e se eu estiver desesperada por fazer dinheiro? Além de lidar com a angústia da questão financeira, ainda tenho de lidar com o fato de que abrir mão do que é querido para mim. Ou seja, não é um movimento de classe média descolada. Ou hipster. Ou hippie. É um movimento pessoal de quem precisa lidar com o que a vida oferece.
Eu sinceramente espero que essas coisas todas das quais ando me desfazendo façam sentido na vida de outras pessoas.
Precisamos ontem nos livrar da ideia de que porque uma coisa é usada ela vale menos. Que só o novo é brilhante e faz sentido e traz felicidade.
Por fim, essa é uma experiência minha. Motivação minha. Relato meu. Fique à vontade para achar que é bobagem. Estou gostando. E quiçá contribuindo para outros à minha volta. Sinto-me bem.
Pietra