A quebra do ego

E como é dura. E dolorida. E necessária. 

Estou há uns dois dias cozendo esta conversa dentro de mim. Acho que precisava de mais instrumentos para colocá-la sem mimimi e de uma forma que ajudasse quem eventualmente lesse. 

Como já é dado neste blog, muitas coisas aconteceram este ano. Talvez como um ano realmente deva ser. Com suas percepções e crescimento de consciência. 2016 não está sendo em nada parecido com 2015 – Graças ao bom Zeus – e isso gera momentos de felicidade, claro, mas também um imenso desconforto. Nada será como antes. Todos os dias. 

As dores do crescimento e do amadurecimento acontecem. A grande coisa é como reagimos a elas. E o quão atentos estamos para simplesmente não entrar numa tremenda piração. 

Muito bem. Isso tudo começou com uma crise financeira. Quem não, quem nunca? E levou a grandes mudanças de estilo de vida. Entram aí minimalismo, meditação, mindfulness e a introdução ao Budismo – aliás, acho que nunca serei uma ótima budista, mas como me agrada, me acalenta e nutre. 

Este ano eu emagreci de um jeito que me deixa satisfeita, uso meu corpo com alegria e liberdade – caminhadas, yoga e uma passagem por uma academia foram conquistas que uma pessoa com uma condição de pós operada de hérnia de disco nem sonhava. Essa celebração é vital! No entanto, perdi muitas roupas, limpei o guarda-roupa por vezes e cada vez mais me pego olhando para ele com certa desconfiança. Como expressão pessoal, as roupas falam muito. E por vezes, usar um uniforme todos os dias pode incomodar bastante. Frivolidade, eu sei. 

Este 2016 trouxe com suas mudanças, diversas controvérsias e dessabores com a vida trabalhista. Discussões, desgostos e a grande quebra no ego… talvez você não seja a ótima profissional que você acredita de forma firme que é. Foi triste. No entanto, quem sabe, não seja a última gota do que já vem me chamando a atenção há alguns anos. Não levem a mal, eu gosto muito de ensinar e aprender. Só estou pensando sinceramente se estou colocando esta energia no lugar certo, para o público certo. O fim de tudo é que aprendi, M E S M O, que de boas intenções, o inferno está cheio. E como faz diferença ensinar a quem realmente quer aprender e não está lá por uma questão normativa. Acho ainda que causei sofrimento a outros e a mim mesma. Não gostaria de seguir por aí. Assim, planos se desenham para adequar a rota. 

Meditação e autoconhecimento podem ser facas de dois gumes também. Aprendi isso recentemente. Não deixarei de me dedicar a eles, pois mudaram a minha vida para muito melhor, mas não sabemos de seus efeitos colaterais até que eles acontecem. Mudar o ego e a percepção que se tem de si é um trabalho danado, que vale a pena empreender. Porém, quem disse que aquilo que está enraizado dentro de nós quer morrer? E luta bravamente. Assim, quando você acredita que seu nível de consciência e entendimento sobe, toma uma pancada que pode levar dois níveis abaixo. Isso é um sinal para parar? Não. Absolutamente. É o sinal de que esta funcionando e que mindfulness e atenção devem ser redobrados e seriamente praticados. Mas, admito, gastei dinheiro, briguei com pessoas, entrei em crises. Quanto mais a gente se “odeia” e pira é quando mais precisamos de nós mesmos para nos acarinhar e crescer. 

Por fim, notei relacionamentos mudarem. Muitos dos que se pensa serem seguros e confiáveis tornam-se um poço de sofrimento e outros que eram tidos como rusgas, mostram-se pacíficos. E isso não sou eu ou você. As coisas acontecem, se dão. Só é pessoal o que tomamos por tal. Acredito que as pessoas estejam levando suas vidas, como eu e você estamos levando as nossas e, quiçá, para melhor. 
Pietra

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