2016, revendo 


Mais um ano que já chiou-se pra burro. Foram as incongruências políticas, os desmandos, os vai-não-vai… as formas incríveis como pessoas pensam e se expressam sobre outras – e nisso aí me peguei culpada algumas vezes. O fato é que eu não acho, a medida com que a vida segue ou progride que vamos ter um ano maravilhoso sozinho. Ou pelo menos, não vamos ter nunca o ano ideal. Isso não existe. É platônico. Mesmo. 

A questão reside muito em como somos capazes de lidar com os revezes e senões. A coisa é que a experiência é diferente para cada um de nós e nessa altura do campeonato vc já pode estar achando que eu estou falando abobrinha. Acho justo. 

O fato é que não dá pra ficar dando murro em ponta de faca. E não vai ser virar a página da folhinha que vai fazer com a vontade de esmurrar pare ou que a faca se retire. Aliás, vc pode colocar mertiolate nessas feridas agora e não esperar a semana que vem. A gente assopra daqui. 

Em particular, esse ano eu passei muita raiva. Raiva de ego ferido, basicamente. Raiva de ser ignorada completamente. Raiva de mostrar caminhos que não tiveram valor. Ai, meu cotovelo. 

Bom. Do meio do ano em seguida, eu resolvi me retirar. Não fisicamente, porque ainda não dava. Mas retirar a minha tensão e a minha energia. Não foi a melhor estratégia… porém, me mostrou outros caminhos e fez a água bater na minha bunda e tocar em frente. 

O fato é que, por mais complicado que o ano tenha sido, acho impossível cada um de nós não ter tido pelo menos um gosto, uma vitória ou um algo a comemorar. Pelo menos uma coisinha que vc olha em volta e pensa: poxa, isso valeu. Vou me focar nisso. 

Foco. Não no sentido “vamos nos focar” e aquelas besteiras todas de produtividade que só tomam o nosso tempo e nos colocam longe dos nossos valores internos. O foco, aliás, pode ser um valor interno de extrema importância, pois abafa os barulhos a nossa volta. Mesmo os da nossa cabeça. E como ela grita às vezes. O foco de olhar algo com carinho e dar àquilo atenção. Sem distrações. Com entendimento e consciência. É simples. Não é fácil. 

Eu estou aqui pensando nos valores que regem a minha vida. E quiçá ganharão novas tintas ano que vem. Não quero colocar “objetivos” ou “metas” ou fazer planos mirabolantes para 2017. Quero tocar como a água. Contornar obstáculos. Não os ignorando, pq, querendo ou não, eles estarão lá. Mas consumindo menos energia. Ou seja, não fritando a cabeça com diálogos internos que só levam a discussões internas. Respirando. Começando de novo. 

Aliás, acho que a lição mais importante de 2016 foi saber que, a qualquer momento, vc tem a oportunidade de começar de novo. Nesse momento, não consigo pensar em hipotéticos 365 dias. Mas, no que estou carregando comigo nesse momento. Porque é sempre sobre o momento. É nele que tomamos decisões. Claro que se pode pensar em um futuro, mas absolutamente nada garante que ele se desenha como se sonha. 

Eu acho que estou aqui revolvendo assuntos. Então, nesse momento escolho olhar com graça para o que passou. Aceitar o que eu aprendi e como isso reforça ou refuta valores. 

Não precisa esperar 2017. Comece agora. Não dá pra fazer nada nesse momento? Respira. Aceita. E saiba que nessa respiração vem a calma que permite o foco. Não deu certo? Começa de novo! Sempre vai ter espaço. E se não tiver, talvez vc tenha cumprido essa parte. Partimos dessa pra melhor! 

Fiquem bem! 

Pietra 

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