Uma das coisas mais significativas no meu mundo são as confluências ou as sincronicidades entre a vida e a arte. Não a minha… mas, as que eu encontro por aí. Graças ao clube de assinaturas de livros que eu fiz em janeiro deste ano, tenho recebido livros bastante interessantes. Mas, um deles deu um “ping” aqui dentro e a resposta foi imediata.
Estou lendo o livro Stoner, de John Williams. E a grata surpresa é o tanto que ele vem reverberando dentro de mim. Tanto, que me colocou para escrever às 8 da manhã. Não cheguei no meio do livro ainda, mas ele me deixou acordada até às 2 da manhã deste mesmo hoje.
Stoner é uma obra de 1965 que só nesta década ganhou reconhecimento. Conta a vida de um filho de agricultores que tornou-se professor de inglês numa universidade. A prosa é limpa e direta, contando a vida de um cara simples que passa pelos problemas da vida – como todos nós – e ganha seus momentos de inspiração e frustração, como todos nós.
Muito bem. O que foi que me pegou? Além da simplicidade da narração – e simplicidade tornou-se algo que estou valorizando imensamente – é notar como a vida comum, como a minha ou a sua, é cheia de momentos de crescimento e valores.
Quando William Stoner, o protagonista, é chamado pelos colegas – e pelos acontecimentos mundiais – a alistar-se no exercito norte-americano para ir à Primeira Guerra, ele decide, contra todas as pressões externas que não o faria. Não sentiu culpa ou remorso. No entanto, para fechar a sua decisão, foi buscar conselho de seu “mestre”, o professor que, com suas aulas de Literatura, o fez sair da faculdade de Ciências Agrárias e ingressar na de Inglês, onde conquistou seu doutorado.
Ando pensando seriamente sobre as pressões externas que sofremos diariamente e nas decisões que tomamos contrárias a elas. Não simplesmente para ser do contra, mas para fazer valer o que tem significado para nós. O entendimento da realidade é tão pessoal e intransferível que, podemos encontrar ótimos argumentos de muitos lados para seguirmos tal ou qual caminho, mas são as nossas vivências que fazem o resultado final acontecerem.
Stoner é um professor. Eu sou professora. Encontramos em nossos caminhos adversidades imensas no trabalho. Naquilo que acreditamos estar fazendo da melhor forma e que pode ser visto como uma frivolidade ou qualquer outro entendimento menos virtuoso. É importante manter um ambiente amigável e produtivo no trabalho? Sim, é. É mais importante viver sua verdade? Sim, é.
Assim, recomendo a leitura de Stoner. E peço a troca de experiências entre leitores sobre os livros, a Arte, que imita a nossa vida.
Pietra