Uso responsável do smartphone

 Hoje fiz uma coisa que estava sentindo falta. E também que fui meio empurrada a fazer… Comprei um caderno em branco e resgatei a minha Pentel 0.7, a borracha e a caixinha de grafite.

Há uns 4 anos atrás, eu fazia diário como louca. Adorava fazer as anotações… e são bem curiosas de ler depois. Num mundo no qual a gente tende a compartilhar tudo que escreve, tudo que pensa eletronicamente, fazer um diário e manter-lo perto de si é quase um desafio.

Mas, de fato. Existem coisas que não precisam ser compartilhadas. Podem cair no quesito “informação demais”. Ou podem ser coisas que ainda não queremos colocar aos olhos do público. Ou são pensamentos que ocorrem rapidamente que precisam de um lugar para ir. E não se perderem.

Pois bem. Estão lado a lado, a folha e a lapiseira.

Até um tempo atrás, eu estava usando os cadernos eletrônicos do Evernote para fazer esse trabalho para mim. Fácil, prático e gratuito, as bobagensinhas e bobagensonhas que eu queria colocar em palavras ficavam no telefone, no ipad, on line, no meu computador. Porém, Evernote e eu começamos a ter problemas. Não por ele. Nem por mim. Somos companheiros. O problema foi que, comecei a notar que não são em todos os lugares que vc pode sacar seu smartphone para fazer uma anotação.

Primeiro, tem a questão de segurança. Sou dessas pretensas classe-média que paga um aparelho em 12x sem juros (????), igualmente, sou egoísta e materialista e não gostaria de dividir meu telefone com mais ninguém. É, divido com o B. Mas está de bom tamanho.

Segundo, me peguei notando que, se você saca o tal smartphone numa situação social ou profissional e começa a digitar, logo os interlocutores assumem que você está mandando mensagens no WhatsApp – aplicativo feito para fazer sua vida mais fácil, mas que gera mais problemas do que soluciona, na maioria das vezes.

O uso das mensagens instantâneas via aparelhos portáteis fez com que as anotações ou quaisquer outras verificações se tornem motivos de suspeita. Imagina então, digitar feito doida num tecladinho? Você não estará fazendo anotações. De uma epifania que poderá mudar a sua vida. Não. Você, claramente, estará tendo uma DR via WhatsApp.

Isso me faz pensar o que nós adultos aprendemos sobre uso responsável das coisas. Se tentamos ensinar as crianças a serem parcimoniosas com o uso das coisas: internet, televisão, video-game, tablet, por quê, oh meu Zeus, não conseguimos nos auto-regular?

A autonomia requer auto-regulação. E responsabilidade. O que eu quero dizer é que se não conseguimos assumir a responsabilidade de não responder uma mensagem imediatamente, o que mais conseguiremos fazer? Ninguém vai ter mamãe até o fim da vida para mandar vc sair da televisão (ou do telefone) para ir tomar banho ou jantar.

Os loucos por WhatsApp estão matando o uso consciente do smartphone para todos os outros. Que pena.

Pietra

PS: não que eu esteja chateada de ter comprado o caderno e ter desenterrado a lapiseira. Na verdade, pode render um momento de escrita com menos distrações. Então, vamos lá encher páginas e reescrever no computador depois. =)

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