Visita à uma grande livraria – pop…

Que decepção…

Fui à uma livraria procurar alguns clássicos que estão me deixando curiosa. Queria encontrar Virgina Woolf – quiçá original… e querendo loucamente achar “Breakfast at Tiffany’s” do Truman Capote – estava até topando tradução.

Bem… indo ao shopping nessa Mega Store, me dei conta de algumas coisas que me deixaram #xatiada. =(

A primeira coisa é que a parte de Literatura – tanto nacional quanto estrangeira – era minúscula. Era maior a parte de juvenil ou de filmes ou música. Até aí, ok, afinal arte é arte, embora a loja tenha o nome de livraria. Procurei o que eu queria inclusive naquelas coleções de bolso e nada… Até que, encostados no fundo de uma prateleira estava uma edição bilíngue de Orlando da Virginia Woolf e acabei também pegando Amor nos Tempos do Cólera do Gabriel Garcia Marquez, afinal de contas, todo prêmio Nobel de Literatura merece nosso respeito e atenção.

Depois de selecionar a minha leitura de férias, comecei a realmente olhar em volta de mim, em termos editoriais e “caiu a ficha”… Como tem literatura caça níquel por aí. E como ela é vendida avidamente pelas livrarias.

Evidentemente eu entendo que cada um tem o direito de ler o que quiser, sejam clássicos como Ulisses ou livros que vieram na bota de 50 tons de cinza, mas o que me impressiona é como esse tipo de coisa, esses livros de rebote, de tendência – auto ajuda, erotismo, vampiros, bruxas, dietas estapafúrdias etc – são colocados no nariz de quem entra na loja. É claro que eu acho que as pessoas têm de ler e que quanto mais lêem, mais elas ficam fluentes na sua língua e podem aumentar seu repertório e – Zeus nos ajude – chegar mais perto da Arte das Letras – e assim sendo, leiam… Nem que se comece por Jogos Vorazes ou coisa parecida. O que me pegou imensamente foi que encontrar um livro um pouco mais “denso”(?) foi um caos.

Até acho que a minha escolha de livraria foi errada. Deveria ter ido à Livraria Cultura, por exemplo, onde eu sei que vou encontrar livros em sua língua original, mas – poxa vida – um pouquinho mais de repertório não ia fazer mal a ninguém.

Eu sei que o mercado editorial é exatamente o que diz: um mercado. Agora, será que as pessoas realmente não buscariam obras mais instigantes se não tivessem acesso à elas? O que eu quero dizer é que existe um imenso esforço para jogar determinados livros ou tendências ou autores garganta abaixo do leitor, quando a coisa deveria ser muito mais ampla e interessante.

Como as pessoas podem aprofundar suas leituras se quem vende os livros não as ajudam em seu repertório? Será que, observando títulos contemporâneos de autores consagrados ou mesmo histórias de séculos de idade, não cutucaria as pessoas a aventurar-se? Será que se as pessoas que trabalham em livrarias fossem efetivamente livreiros não ofereceriam títulos mais interessantes do que Tormenta ou Pede-me o que quiseres (oi?)????

Sei lá. Talvez o grande detentor desses tesouros de leitura que se busca – ou que eu busco – não sejam verdadeiramente os sebos e não livrarias-cafeterias-bancas de dvd-wifi grátis?

Acho que prefiro 50 tons de poeira do sebo do que junky books…

Pietra, que ainda quer comprar “Breakfast at Tiffany’s” antes de ver o filme.

3 thoughts on “Visita à uma grande livraria – pop…

  1. Ai Pi, o que dizer? Tem horas que eu acho que só das pessoas lerem (ainda que porcarias) já é uma glória, sabe?! (Meu pai dizia que se tornou um bom leitor lendo bulas de remédios e embalagens, mania que tenho até hoje… rs). mas você tem razão: a ditadura do mercado é algo que entristece.

    Sei lá, quando entro nessas livrarias, parece que esses títulos POPs vão despencar na cabeça… Estão por todos os lados!! Dá uma sensação que somos obrigados não a ler ou comprar… mas a consumir, engolir garganta abaixo mesmo.,. como bem colocou!!

    Tem tanta variedade de títulos e assuntos que poderiam ser melhor explorados e divulgados, não é?! Quem sabe se as pessoas tivessem essa curiosidade de “sair da caixa”, poderiam descobrir um mundo novo….

    Like

Leave a comment